quarta-feira, 13 de junho de 2018

Estudar e fazer TPC é a mesma coisa? M. José Araújo


Os “trabalhos de casa”, também conhecidos por TPC, fazem parte, intrinsecamente, da discussão sobre a Escola e a escolarização, e têm estado presentes em todos os ambientes familiares independentemente do seu contexto social e/ou cultural. No entanto, não têm exatamente o mesmo tipo de consequências, positivas e /ou negativas, em todas as crianças. A expressão “trabalhos de casa” contém em si dois conceitos poderosos – trabalho e casa. Um trabalho que, para as crianças que frequentam o ensino obrigatório, se prolonga em casa (esfera doméstica) ou nas instituições onde permanecem depois de acabarem as aulas, sendo que a responsabilidade pela sua boa execução passa a ser dos pais (mesmo que não seja com eles que as crianças os fazem), e já não só da escola. Uma das ideias subjacentes a este tipo de trabalho é a ideia de que as crianças devem estudar em casa para criar hábitos de trabalho.
 
 No entanto, há uma grande diferença entre estudar e fazer TPC.
Estudar tem de ter a adesão voluntária de quem estuda, neste caso das crianças. Deve ser algo que elas percebam e por que se interessem. Perceber que conhecer, aprender e ter a possibilidade de participar no mundo de uma forma informada é algo estimulante, e as crianças gostam deste sentimento. Estudar é perceber mais e melhor… não é repetir o que os adultos impõem.
 

terça-feira, 8 de maio de 2018

Literacia é prática Social






A linguagem oral com que a criança chega à escola, independentemente do seu contexto cultural e social, é a base para a aprendizagem da linguagem escrita, sendo um objetivo primordial da instituição escolar permitir e encorajar cada criança a usar a língua materna com o máximo de eficácia, quando fala, ouve falar, lê e escreve. 
Os trabalhos sobre literacia mostram que as crianças aprendem cada vez mais cedo a ler e a escrever, mesmo antes da escolarização formal (literacia emergente), observando e interagindo com os adultos e com outras crianças, em aprendizagens focadas numa multiplicidade de saberes: rotinas, jogos, brincadeiras, histórias e atividades sociais diferenciadas a convocar para o contexto de sala de aula.  Há interesses muito diferentes e também níveis de conhecimento muito diversos acerca da literacia, pois cada família e cada instituição têm também diferentes formas e recursos para as incentivar. As crianças aprendem através do brincar e do jogo − dramático, corporal, musical, etc. − e muito deste seu brincar é também fantasia e imaginação. Literacia é prática social. É fundamental pensar no papel do adulto nesta forma das crianças aprenderem. 

Maria José Araújo e Marlene Magalhães

Aprendemos porque brincamos


Nesta ação exploramos o sentido da aprendizagem através da atividade lúdica.  Dialogámos, trocámos experiências, jogamos... brincamos!! 
Deixamos essa marca na escola !!




Brincar é um mecanismo que garante à criança, mas também aos adultos, uma certa distância em relação ao real, como salienta Brougère evocando Freud, Richter, Hoffman e Chomsky, para realçar o significado e a importância da dinâmica do brincar para a criança como actividade dotada de significado social e cultural que, ao contrário de outras, precisa de se exercer, praticar e explorar. As crianças procuram activamente informação, e brincar é talvez a melhor maneira de o fazer.



Atividades na natureza: uma estratégia de Educação Ambiental que contribui para o sucesso escolar Maria José Araújo

Durante a semana e nas horas normais de trabalho dos pais e encarregados de educação, as crianças estão na escola, no ATL ou noutros espaços fechados e muito raramente em espaços de ar livre, em contacto com a natureza. O que isto quer dizer é que nunca saem de ambientes semelhantes, marcadamente organizados em função de pressupostos educativos e sociais que negligenciam e que secundarizam (para não dizer desprezam) os aspetos vitais e lúdicos das crianças. Dado isto, e tendo em conta que os aspetos escolares são centrais na organização diária do seu tempo, torna-se-nos evidente que será necessário inverter a situação, protegendo a liberdade das crianças que têm, em primeiro lugar e sobretudo, de brincar e organizar as suas brincadeiras. As crianças só aprendem porque brincam e a cultura que a natureza pode proporcionar faz delas pessoas mais calmas, mais inteligentes, mais sábias, mais competentes academicamente, mais ativas, mais tolerantes, mais sociáveis...
Todos temos o direito humano a uma relação significativa com a natureza e temos as responsabilidades que vêm com esse direito, quanto mais tecnologia possuímos, de mais natureza necessitamos.
Há muita informação sobre os benefícios das atividades de natureza, de vários pontos de vista: intelectual, emocional, psíquico, social, educativo, cultural, lúdico... Assim, reconhecer que as crianças são “cientistas” inatas, que descobrem os animais, as plantas, o mundo nesse gigantesco laboratório de aprendizagem que a natureza propicia é reconhecer que o sucesso escolar em tudo depende disso.
A exposição ao ambiente natural leva as pessoas a nutrir relacionamentos próximos com outros seres humanos e é essencial para o sucesso de qualquer criança na escola e na vida.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

A Escola e as aprendizagens




Mesmo reconhecendo o objetivo humorístico associado ao vídeo apresentado, ele é revelador do modo como o as decisões curriculares são estruturais na possível (e acrescento desejável) relação entre a escola - e as práticas pedagógicas - com as comunidades e com a sociedade. 
Tendo a consciência que existem diferentes níveis de influência nas decisões curriculares, como explica claramente Diogo (2010), e que a tutela é, mais ainda no contexto nacional, um agente decisivo neste contexto, a margem de ação dos agentes educativos locais – entre eles os professores — é condicionada (Apple, 1997).
A par do apresentado, é ainda relevante lembrar que o currículo «o currículo é, também, no seu modus operandi (que, na realidade, lhe dá forma e regula o seu conteúdo e modo de passagem), uma produção organizacional, largamente conformada» (Roldão, 2010, p. 231). Isto é, o currículo, seja ele entendido enquanto documento prescritivo ou processo interativo, integra, no próprio conceito, elementos de inercia que potenciam a perpetuação de estruturas e práticas.
Tendo em consideração o referido, pensar o estudar enquanto dinâmica inerente à escola, à prática pedagógica e até, de modo mais amplo, aos diferentes processos de aprendizagem, é reconhecer a sua validade e importância. Colocado de outra forma, é necessário pensar a ação de estudar como uma prática constante na vida de qualquer indivíduo, pelo que o seu entendimento curricular e pedagógico não deverá limitar o estudo a um meio para atingir um fim. É, neste sentido, essencial que a escola não se desresponsabilize de (ou desvalorize) possibilitar que os estudantes aprendam a estudar.
Concluindo APRENDER A ESTUDAR é uma aprendizagem — com alguma ousadia poder-se-á considerar um elemento do currículo, ou pelo menos do currículo enquanto práxis como é proposto por Gimeno Sacristán (1989) — que a escola não pode desvirtuar. Mais se indica que esta aprendizagem colide, de modo inequívoco, com o que é apresentado no vídeo, pelo que não pode ficar alienada da prática escola, pedagógica e curricular.

Referências

Diogo, F. (2010). Desenvolvimento Curricular. Luanda: Plural Editores.
Gimeno Sacristán, J. (1989). El curriculum : una reflexión sobre la pratica. Madrid: Ediciones Morata.
Roldão, M. C. (2010). A Função curricular da escola e o papel dos professores. Nuances: estudos sobre Educação, 230-241.

domingo, 10 de setembro de 2017

Ensinar a estudar não é fácil!

Há, como sabemos, muitas formas de aprender e de ensinar, como há muitas formas de estudar. O ato de estudar, como de ler, não é de fácil ensino. 
Para ajudarmos os alunos a perceber o significado de estudar, é preciso respeitar algumas regras que se prendem com o ritmo de cada um e com a forma que cada um arranja para satisfazer a sua curiosidade. Os alunos são todos diferentes e, portanto, têm formas diferentes de se adaptar e interessar. 
Estudar tem de ter a adesão voluntária de quem estuda. Deve ser algo que se perceba e pelo qual nos interessemos.  Não é repetir o que nos impõem.
O conceito de estudar é muito confuso para os alunos e eles só o vão percebendo com o decorrer da escolaridade e à medida que se vão confrontando com diferentes situações – como, por exemplo, estudar a tabuada, estudar para um teste – e mesmo assim, tudo isso depende de cada aluno. 
O apoio ao estudo implica perceber a função de estudar, que não sendo uma operação muito concreta, é algo que não é muito claro para os alunos nem, provavelmente, para os adultos que os apoiam.